Arrisco dizer que safári é a primeira atividade que passa pela cabeça das pessoas quando se fala em viajar para a África do Sul. Não é à toa, já que o continente africano é conhecido pela experiência animal.
Imagina a minha surpresa, então, quando fui montar meu itinerário, e descobri que Cape Town oferece opções que vão muito além desse tipo de turismo, com passeios para agradar todos os tipos de viajantes.
Com inúmeras trilhas, paisagens de tirar o fôlego, bairros hipsters, praias, restaurantes renomados, shoppings, bares e atividades culturais, não falta o que fazer na cidade mais querida da região.
Com tantas opções, aproveitei os meus dias para montar um roteiro pela Cidade do Cabo, com aquilo que você não pode perder. Inclui as principais atrações turísticas, como a famosa Table Mountain, assim como lugares indicados pelos locais.
Separei os passeios em cinco dias diferentes, com tempo de sobra para aproveitar tudo com calma. Se for passar um período menor na cidade, no final do post tem um roteiro express de três dias.
Carro ou transporte público em Cape Town?
Antes de tudo, queria explicar que você não precisa de um carro para fazer esse roteiro pela Cidade do Cabo. Se hospedando em Downtown ou perto do Waterfront você consegue fazer a maioria dos passeios a pé ou usando ônibus ou uber, que é bem barato.
O único dia que precisa de carro é o que envolve o passeio até o Cabo da Boa Esperança. Nesse momento, sugiro alugar um carro para ter mais liberdade e parar onde quiser pelo caminho. Eu sempre alugo com a Rentcars, que além de permitir que você pague em reais, sem IOF e parcelado, ainda tem garantia de melhor preço. Se não quiser dirigir, também deixei uma sugestão de tour que segue o mesmo roteiro.
Onde se hospedar na Cidade do Cabo
A minha sugestão para ficar perto dos pontos turísticos principais é se hospedar em Downtown ou em Green Point, perto do Waterfront. Esses são os bairros com a maior quantidade de visitantes internacionais, e que possuem várias lojas e restaurantes.
A minha escolha durante a viagem foi o consulte o site oficial. O ideal é subir até o topo assim que as condições forem favoráveis, pois pode ser que nos seus outros dias na cidade o tempo não esteja bom.
Manhã e começo da tarde
A Table Mountain é o principal cartão postal da cidade e uma das atrações turísticas mais visitadas. Atualmente ela é considerada uma das 7 maravilhas da natureza, e existem molduras amarelas espalhadas em diversos bairros para que você possa tirar fotos com a montanha ao fundo.
Dessa forma, nada mais justo do que começar sua visita a Cape Town subindo a Table Mountain. Existem duas formas de chegar até o topo: através de trilhas ou usando o cable car, uma espécie de bondinho.
A trilha mais rápida é a Platteklip Gorge, que leva em torno de duas a três horas de acordo com seu preparo físico. Apesar de ter apenas 3 km, o caminho é íngreme na maior parte do tempo, o que faz com que seja mais difícil do que o esperado. A entrada fica quase 2km depois da estação do cable car, então se estiver de uber peça para ele te deixar na entrada em vez de fazer essa caminhada extra, hehe!
Não precisa pagar para subir, e o ideal é começar cedo para não pegar o sol do meio dia. Nós chegamos um pouco antes das oito no dia que fizemos a trilha e foi ótimo!
Já de cable car a subida leva poucos minutos, porém enquanto a trilha é gratuita o bondinho custa ZAR330 ida e volta ou ZAR190 apenas um trecho. Se quiser, você pode fazer a trilha para subir e descer de cable car (foi o que eu fiz), ou vice-versa.
Por ser um dos pontos turísticos mais populares, a fila para comprar os ingressos e até mesmo para subir a montanha através do bondinho costumam ser enormes. Quando chegamos a estimativa já era de duas horas na bilheteria. Dessa forma, recomendo ir cedo (até para não pegar o local lotado) e comprar o ingresso com antecedência no site oficial. Se quiser economizar e já comprar outro tour, recomendo
Tarde e noite
De tarde é hora de visitar uma das feiras de rua mais famosas e um dos pontos altos do roteiro pela Cidade do Cabo: o Greenmarket Square. Ela acontece todos os dias até as 17:00 (quase todas as lojas fecham nesse horário), e é o lugar perfeito para comprar lembrancinhas, decoração e outros objetos que só se acham em feirinhas. Lembre de pechinchar, pois muitas vezes você consegue até pela metade do valor.
Se quiser almoçar antes de começar as compras, uma opção barata é o Eastern Food Bazaar, na Long Street. Fica a poucos minutos andando, tem várias opções de pratos por um preço acessível, e a quantidade de comida é absurda! Duas pessoas podem compartilhar um prato tranquilamente. Caso queira algo mais tradicional, a região também conta com KFC, McDonalds e cafés que servem almoço.
Após visitar a feira, a sugestão é andar pela Long Street, seguindo em direção a rodovia M3. É nessa rua que se encontram vários hostels, bares, restaurantes, lojas locais e até baladas, e onde você vai encontrar um pouco mais de agito ao cair da noite. A quadra entre a Bloem St. e a Buiten St. é a mais animada.
Dia 2 – Old Biscuit Mill Market e Camps Bay
Esse dia precisa ser em um sábado, pois é quando acontece o Neighbourgoods Market.
Manhã e almoço
No bairro de Woodstock, o Old Biscuit Mill é um pequeno shopping da cidade, que ganha vida nas manhãs de sábado. Nesse dia diversos comerciantes locais montam uma feira, onde você consegue encontrar produtos feitos a mão por um ótimo preço. Fica bem cheio por ser uma atração popular, mas só começa as nove então não precisa chegar tão cedo.
Nesse shopping também fica um dos restaurantes mais bem conceituados do país, o The Test Kitchen, uma experiência gastronômica única para quem tem folga no orçamento.
O grande atrativo dos sábados no Old Biscuit Mill, no entanto, é o Neighbourgoods Market, feira de comida com todo tipo de produtos. São vendidos frutas e verduras frescas, assim como existem diversos quiosques com pães, doces, pratos típicos, smoothies e o que mais você conseguir imaginar.
Lembro de ter visto comida peruana, chinesa, vietnamita, bagels, tapioca, bruschettas, taças de vinho, drinks, waffles belgas, fudge, pratos tradicionais de outros países africanos… E isso foi só o que eu considerei comer. Minha sugestão é almoçar por aqui, e pegar pratos diferentes para experimentar ao máximo possível. Comi um ceviche peruano e um waffle com sorvete que estavam divinos!
Tarde e noite
Separe a tarde para conhecer as praias de Cape Town. As mais famosas são Clifton, dividida em quatro partes e Camps Bay. Já te adianto que, mesmo no verão com mais de 30º as águas são congelantes e que você dificilmente vai conseguir entrar no mar. Mesmo assim, vale uma visita para pegar um pouco de sol, observar os locais e ver paisagens estonteantes.
Comece por Clifton – no geral, a parte mais badalada é a 4th. É lá que fica o pessoal mais hipster, além de famílias e grupos de amigos, e onde tem maior estrutura para quem vai passar o dia. Também é a melhor opção nos dias de vento, pois essa parte da costa normalmente fica protegida.
Antes do pôr do sol faça a caminhada de 20 minutos até Camps Bay. Os melhores lugares para assistir ao espetáculo são nas pedras, do lado da praia que fica perto de Clifton, ou no outro extremo onde fica a piscina com água do mar. A vista é tirar o fôlego!
De noite existem diversos restaurantes próximos a praia para jantar ou curtir uma noite mais agitada – muitos deles tem música ao vivo e ficam abertos até mais tarde. O Cafe Caprice é o mais famoso e reúne um grande público nos finais de semana.
Dia 3 – Bo-Kaap e Waterfront
Manhã
Hora de um momento cultural, já que até agora o roteiro pela Cidade do Cabo foi praticamente só atrações da natureza ou compras, rs. Minha sugestão para a manhã desse dia é visitar o District Six Museum e o bairro de Bo-Kaap.
O District Six Museum é dedicado aos efeitos do Apartheid nesse bairro da cidade, que por anos foi moradia de famílias da região. Na timeline fornecida vamos vendo os moradores sendo expulsos para periferias, e é impossível não se emocionar com a história e com os recados deixados pelos antigos donos das casas. O preço é de ZAR45 por pessoa.
De lá é possível ir a pé até o bairro de Bo-Kaap, onde a principal atração são as casas coloridas. Existe toda uma história por trás das cores vibrantes – as quais representam a liberdade dos moradores que ali se fixaram – e para entender melhor o ideal é fazer um walking tour ou visitar o Bo-Kaap Museum.
Se sua intenção for apenas tirar fotos em Bo-Kaap, inverta a ordem dos passeios. Apesar do District Six Museum não ser muito grande, você vai acabar chegando no bairro colorido perto do meio dia, horário em que o sol não colabora para fotografias.
Tarde e noite
Siga, finalmente, para o famoso Waterfront de Cape Town. Essa área perto do mar combina inúmeras atrações, como um shopping enorme, museus, restaurantes, aquário e até mesmo uma roda gigante!
A sugestão é almoçar por lá e aí começar a explorar a região. Para uma refeição rápida, recomendo o Simple Asia com um Pad Thai maravilhoso. Se quiser sentar e comer com calma, o Ocean Basket tem ótimo preço e uma vista incrível da The Cape Wheel.
De tarde você pode explorar o shopping e visitar as outras atrações ao redor. Ande na roda gigante, tire foto na moldura amarela com a Table Mountain de fundo, visite o aquário e os inúmeros museus (dizem que o Zeitz Museum of Contemporary Art Africa é ótimo) e espere por outro pôr do sol magnífico. Se quiser, você pode até Como mencionei antes, todos os dias até agora podiam ser feitos de uber ou transporte público, sem necessidade de um carro. O dia 4, no entanto, é mais afastado do centro da cidade e fica inviável de fazer sem um transporte próprio. Nós alugamos um carro nesse dia, para ter um pouco mais de liberdade. Se quiser fazer o mesmo, recomendo fazer uma cotação com a Rentcars, onde você tem garantia de melhor preço. Caso não queira ou possa dirigir, existem vários tours que fazem esse mesmo roteiro! aqui no blog tem um post explicando como usar o app durante as suas viagens. Se possível, escolha a rota pela rodovia M6 passando pela Chapman’s Peak Drive, a scenic route. Saia do seu hotel CEDO, nós saímos às oito e meia, chegamos por volta das dez e conseguimos estar adiantadas em relação aos ônibus fazendo tours. Ao chegar na Cape of Good Hope Nature Reserve você precisará pagar a taxa da reserva de ZAR303 para turistas internacionais (pode ser dinheiro ou cartão), e então seguir até Cape Point. Lá existe um funicular para levar até o topo onde fica o farol e uma trilha de meia hora que leva até o Cabo da Boa Esperança. Mesmo no verão recomendo ir com roupas quentes pois lá venta muito! Para não perder tempo, recomendo comer uma pizza individual no restaurante local. Dessa forma você já pode dirigir para o próximo ponto sem se preocupar se estará tão lotado com os outros turistas. Dirija até o que, na minha opinião, é a parte mais legal do passeio: Boulders Beach, a praia dos pinguins! Existe um estacionamento no local, e um caminho que contorna a praia de onde você já consegue ver os animais de longe. Para chegar mais perto é preciso pagar a taxa de preservação de ZAR152, que te deixa chegar em plataformas que ficam bem perto dos pinguins. É proibido tocá-los, mas você consegue observar eles entrando na água, cuidando de seus filhotes (dependendo da época) e dormindo no sol. De lá você pode dirigir direto de volta para Cape Town através da M3, ou pegar a rota pela M4 e conhecer Fish Hoek, uma pequena cidadezinha litorânea famosa por seus vinhos. Esse foi um dos dias que eu mais voltei cansada, então minha recomendação para jantar seria algum restaurante próximo da sua hospedagem. Se quiser sair, na região da Long, Loop e Bree Street existem vários restaurantes e cafés (mas lembre-se que a cozinha fecha cedo). Criei duas opções diferentes para o dia 5, uma mais cultural com trilha para ver o pôr do sol e outra em uma vinícola. Escolha o que mais combina com você ou, se tiver mais dias sobrando, aproveite para fazer os dois! Para começar o dia sugiro o tour para Robben Island, que sai do Waterfront. Depois de 45 minutos de ferry, você chega no local onde Nelson Mandela ficou preso por 18 anos. O tour inclui um passeio de ônibus pela ilha e uma visita a prisão. Nesse meio tempo, você é acompanhado por um dos antigos prisioneiros, que conta a triste história da África do Sul no período do Apartheid. Como esse é um passeio concorrido, tente comprar seus ingressos com antecedência através do site oficial. O passeio tem três horários durante o dia, e o ideal é fazer o das 9 horas para ter o resto do dia livre. Como ele acaba no Waterfront, sugiro você passear novamente pelo local e almoçar por lá. No final da tarde, a sugestão é fazer a trilha do Lion’s Head para ver o pôr do sol. Nós fizemos esse caminho com o guia do hostel, porém muitos locais e turistas estavam desacompanhados, já que estava bem cheio por ser verão e época de lua cheia. Não recomendo fazer sozinho fora de temporada. Outra sugestão é ir de carro (ou uber, mas aí combine a volta pois é difícil achar motoristas por lá) até Signal Hill e ver o pôr do sol de lá. A África do Sul é famosa por seus vinhos, e Cape Town é uma das regiões com grande número de vinícolas. Se você gostar de enoturismo, um bom passeio é visitar uma delas. Como você elas ficam um pouco afastadas do centro e você não vai querer dirigir para provar os vinhos, o melhor é contratar um tour. Dia 1: Table Mountain de manhã, praias de tarde para ver o pôr do sol e curtir a noite nos restaurantes da praia (ou Long Street se preferir voltar para o centro); Deixei de fora o tour por Robben Island, Lion’s Head ou Signal Hill e o Old Biscuit Mill. Esses passeios, apesar de incríveis, só são legais em dias específicos (como sábado para o shopping e feira gastronômica) ou levam muito tempo do dia (como o tour pela ilha na prisão). Se não tiver muitos dias na cidade, deixe-os para outra ocasião. E aí está, um roteiro pela Cidade do Cabo completíssimo, cheio de detalhes e dicas para conhecer a região. Ficou com alguma dúvida? É só deixar nos comentários! 🙂 Gostou desse post? Salve no Pinterest para ler depois! Alguns links nesse post são afiliados.Dia 4 – Cape Point e Boulders Beach
Tarde
Dia 5 – Robben Island e Lion’s Head ou Vinícola
Opção 1 – Robben Island e Lion’s Head
Opção 2 – Vinícola
Parabéns! Belas dicas! Estou pensando em passar 6 dias com minha esposa em julho. Algumas dúvidas:
É preciso visto? É possível ir por conta própria sem falar inglês com fluência?
Obrigado
Oi, Roberto!
Para viagens até 90 dias brasileiros não precisam de visto. Se você arranha no inglês já tá tranquilo, vai conseguir se comunicar e aproveitar a viagem 🙂
Boa tarde!
A trilha Platteklip Gorge é bem sinlizada? vcs contratam guia local?
Obrigada!
É bem sinalizada e é a que a maioria das pessoas faz, então é bem fácil de seguir 🙂 Fomos sem guia!