Existe uma pergunta que eu faço para todos os leitores quando eles entram na lista de e-mails: qual a sua maior dificuldade na hora de planejar uma viagem?
Para minha surpresa, a maior parte das respostas é sobre orçamento.
Vou escrever especificamente sobre quanto custa viajar para alguns dos meus destinos favoritos, mas enquanto isso já tem post aqui no blog explicando como calcular seu orçamento de viagem. Hoje, no entanto, quero responder as dúvidas sobre levar cartão de crédito, débito ou dinheiro em espécie.
Vou explicar as vantagens e desvantagens de cada um, e ainda dar algumas dicas que aprendi ao longo das minhas viagens. Pode parecer difícil no começo com tantas taxas, variações cambiais e respostas como “depende”, mas você vai ver que levar dinheiro em viagens não é nenhum bicho de sete cabeças!
Como levar dinheiro em viagens
Cartão de crédito
Vamos começar falando da opção mais temida, o cartão de crédito. Ele tem essa má-fama entre os viajantes devido a duas desvantagens:
Imposto sobre operações financeiras (IOF)
É um imposto que incide em todas as transações em moedas estrangeiras. Atualmente seu valor é de 6,38% da operação, assim uma compra de US$100 sai na verdade por US$106,38. No geral, esse valor aparece como uma cobrança separada na fatura, já convertido em reais.
Variação cambial
No caso dos cartões de crédito, o preço do dólar do dia da compra não será necessariamente o preço a pagar. Os valores são definidos no dia do fechamento da fatura, então corre o risco de que o dólar suba e a compra custe mais do que o previsto. Em muitos bancos, caso haja uma variação cambial entre o fechamento e o dia do pagamento, existe um ajuste que é debitado (ou creditado, quando você dá sorte) na fatura seguinte.
Outras desvantagens são a possibilidade de perder o cartão, bloqueá-lo colocando a senha incorreta três vezes, não ser aceito do estabelecimento que você está frequentando ou até gastar demais sem perceber e estourar seu limite ou fazer dividas.
Eu tive um problema na Tailândia, onde mesmo tendo limite não consegui sacar dinheiro utilizando meu cartão de crédito. Por sorte levei um de outra bandeira, ou teria ficado sem dinheiro em espécie em um país onde muitos lugares não aceitam cartão como forma de pagamento.
As vantagens são as mesmas que utilizar para compras nacionais: acumular milhas, não precisar andar com muito dinheiro, segurança pois necessita de uma senha, não precisar ter o dinheiro no banco no momento da compra, e ainda o benefício adicional de não precisar se preocupar em trocar reais pela moeda local.
Caso vá utilizar esse método, é importante fazer um aviso viagem junto com seu banco. Ele pode ser feito online, e serve para informar a data e destino da viagem, de forma que compras não sejam marcadas como fraude e o cartão não seja bloqueado enquanto você estiver em outro país.
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Cartão de débito (Travel Money)
O cartão de débito comum, aquele utilizado para despesas no dia a dia, não é aceito no exterior. Uma alternativa equivalente é o chamado travel money, que funciona da mesma forma porém usando a moeda estrangeira.
Esse tipo de cartão é oferecido por diversas empresas, assim como por bancos como o Itaú, Banco do Brasil ou Bradesco. O meu favorito é o Cash Passport da Confidence, que tem como benefício aceitar seis moedas diferentes ao mesmo tempo. O American Express que consegui no Itaú a alguns anos, por exemplo, só aceitava dólares americanos.
Assim como no débito convencional, o travel money precisa ter dinheiro disponível para funcionar. Ao fazer o contrato, é preciso colocar uma quantia mínima, e depois é possível recarregá-lo. Dependendo da empresa, é possível fazer essa operação através de transferência bancária, apps ou até autorizar outra pessoa a fazer pessoalmente enquanto você estiver fora.
No caso da Confidence, eu abasteço o meu Cash Passport diretamente pelo app. Pode ser que demore alguns dias úteis para que o dinheiro entre no cartão, então não deixe para última hora.
No caso dos que são emitidos por bancos, a recarga costuma ser feita através de transferência bancária direto da sua conta, e o valor fica disponível imediatamente (pelo menos é como funciona no Itaú).
Um detalhe curioso é que, mesmo funcionando como um cartão de débito, a maioria dos locais só aceita esse método ao escolher a opção “crédito”. Teste ambas as formas caso tenha fundos e a compra não seja autorizada no modo débito.
Há alguns anos esse cartão era vantajoso devido a seu baixo IOF, porém atualmente é cobrado o mesmo valor de imposto do cartão de crédito, 6,38%. Outra grande desvantagem é que esse método não acumula milhas, então se você costuma utilizá-las para economizar durante viagens essa não é a melhor opção.
Sua grande vantagem em relação ao crédito é que não preciso se preocupar com variação cambial, pois o dólar do dia da recarga é o que conta. É uma boa alternativa para quer a praticidade de um cartão sem a possibilidade de gastar mais do que realmente tem.
Também considero ideal para adolescentes que vão viajar em grupo sem os pais, como as famosas excursões para a Disney. É uma forma de que os filhos não gastem mais do que o limite combinado, já que o dinheiro acaba, rs. Normalmente um cartão adicional é entregue para que o cliente não fique sem ter como acessar o dinheiro caso perca o principal.
Dinheiro em espécie
O dinheiro em espécie é o mais vantajoso em relação ao IOF, já que esse é de apenas 1,1%. Além disso, o valor do câmbio é o do dia da compra, e com diversas casas praticando diferentes preços, é possível escolher a mais barata para adquirir seu papel-moeda.
Por que não levar apenas “dinheiro vivo” em todas as viagens, então?
Além da possibilidade de assaltos, de perder tudo e falsificações, também existe o problema de qual moeda levar. Eu explico: para alguns destinos da América do Sul, por exemplo, é melhor levar reais e trocar pela moeda local já no seu país de destino. É o caso de Santiago ou Buenos Aires por exemplo, onde existe procura pelo real e a cotação é boa.
Já em outros países da região não é vantajoso levar reais devido a desvalorização do mesmo. Também não é vantajoso fazer a troca pela moeda do país que você vai visitar aqui no Brasil, pois a cotação continua não sendo favorável. O ideal, então, é levar moedas fortes como dólares, euros ou libras, cujo valor é alto em qualquer lugar.
Na dúvida de levar reais ou dólares? Leve dólares. Só cuidado com notas antigas, pois alguns estabelecimentos já não estão aceitando.
Para países que já usam essas moedas, como Estados Unidos ou Portugal, Espanha, França e outros que fazem parte da União Européia, o ideal é fazer a troca aqui no Brasil, já que a cotação irá desfavorecer ainda mais o real nas casas de câmbio desses lugares.
Também é preciso atenção ao sair do Brasil com valores iguais ou superiores a R$10.000, ou equivalente em outras moedas. Nesse caso não há tributação, mas é preciso reportar a alfândega e fazer uma Declaração Eletrônica de Bens de Viajantes (e-DBV).
Qual a melhor forma de levar dinheiro em viagens?
Essa é uma daquelas perguntas que não existe resposta certa.
Na minha opinião, o ideal é levar dinheiro em espécie e algum cartão, mesmo que seja para utilizar apenas em emergências.
Se você não possui cartão de crédito, coloque pelo menos uma parte dos seus fundos em um travel money, para um pouco mais de segurança. Recomendo também colocar algumas notas em lugares separados (um pouco de dinheiro na bolsa, um pouco na mala, um pouco no tênis, rs) e usar uma doleira ou pochete mais escondida quando for para a rua.
Pessoalmente eu troco um pouco de dinheiro antes de viajar, mas uso meu cartão de crédito onde possível. Faço isso pois uso muito o meu programa de milhas e, como também é a minha opção no dia a dia, já tenho prática em não gastar mais do que o meu orçamento.
Caso aconteça alguma coisa e você fique completamente sem dinheiro, pode pedir para alguém de confiança mandar através do Western Union. Funciona mais ou menos assim: munida dos seus dados, a pessoa vai até uma agência do Western Union ou lojas afiliadas (Banco do Brasil e Bradesco para correntistas, e algumas casas de câmbio) e envia o dinheiro para outra agência. Ao fazer essa transação é gerado um código, o qual ela repassa para você. Com esse código em mãos, você vai até uma agência da WU e, também de posse dos dados da pessoa, consegue retirar o dinheiro. Mais explicações no site oficial.
Como eu disse, não existe muito mistério para levar dinheiro em viagens. Pode parecer assustador na primeira vez, mas fora o planejamento para comprar papel-moeda ou carregar o travel money quando o câmbio estiver vantajoso, não é nada complicado!
E você, como costuma levar seu dinheiro em viagens? Compartilhe suas experiências e dicas nos comentários! 🙂
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Olá!
Irei a Nova Iorque minha tia mora lá, neste caso posso enviar o dinheiro para a conta dela e quando chegar lá ela saca e me passa ou isso é ilegal?
Vanessa, que EU saiba essa prática não é ilegal. Você pode usar o Transferwise para fazer a transferência e economizar nas taxas. Beijos!!